Os muros são muros, obras verticais
de engenharia que cercam e delimitam um espaço determinado. Existem de todos os
tipos, materiais e tamanhos. No entanto,
sua função central, independente da forma que é elaborado, é a mesma: impedir o
acesso a um determinado espaço (em sua multidimensionalidade). Metaforicamente,
o conceito de muro tem outro significado/simbolismo. Os esportistas, entendem
os muros como os limites de sua performance. Nesse caso, não existe uma
barreira real, concreta, a ser transposta. Os limites parecem estar na mente e
no corpo.
Frente ao muro metafórico,
basicamente pode-se tomar duas ações: tentar atravessá-lo ou abandonar a ideia
de transpô-lo. Ambas as opções e suas nuances, indicam atitudes opostas em
relação à vida. A primeira ação de romper o muro, revela a percepção das
barreiras como formas de crescimento, como obstáculos construtivos e potencializadores
de suas qualidades. A segunda ação, escolhendo não ultrapassar os muros,
mostra-se uma alternativa menos otimista.
Existem várias formas de atravessar
muros. Pode-se parar nele e esperar o processo de intemperismo fazê-lo ruir
permitindo a passagem... Outra opção é se colocar na posição do impossível; “ninguém
até hoje conseguiu” ou “isso não é para mim” são frases que
irão amenizar seu medo de tentar cruzar os muros e mantê-lo(a) com a
consciência tranquila mudando de ideia apenas quando um exemplo próximo
conseguir tal proeza (ou milagre). Essas frases são perigosas, porque podem
contaminar seu meio social, produzindo os terríveis efeitos da “incapacidade”.
Somado a isso, encontramos com certa frequência pessoas com a habilidade de
detectar intransponibilidade em qualquer “murinho” que encontramos durante
nossas caminhadas.
Podemos passar pelas portas dos
muros, embora sejam raras de encontra-las... podemos saltar os muros... podemos
derrubar os muros, partindo da ajuda mútua inflamada pela coletividade. Independente
da forma de passagem (e podemos cometer erros na escolha do modo), passar para o
outro lado implica mudanças no cenário social/cotidiano.
Suponho eu que os indivíduos nascem
predispostos a saltar os muros que vão surgindo um após o outro, mas acabam
preferindo ou são compelidos a ficar estáticos. Existem pessoas de todos os
tipos, somos plurais, mas não podemos permitir que os muros nos mantenham
paralisados em um espaço de confinamento, ainda mais num contexto cheio de
obstáculos, como por exemplo o acesso à educação. Então é ótimo estar cercado
de pessoas dispostas a pular e destruir muros e não importa o quão alto eles
sejam, as vezes sofremos um “jab” ficamos
tontos, mas logo levamos o muro a “knockout”
e novas experiências são absorvidas. Talvez tenha chegado a hora de nós
educadores populares decidirmos demolir os muros da educação.
Sou negro, pobre e morador da Maré, sempre fui íntimo dos
muros e sempre os derrubei...
Luiz Lourenço
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